
EUA levantou temas 'importantes', diz Georgieva sobre críticas ao FMI

As críticas recentes dos Estados Unidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) levantaram "uma série de temas e prioridades importantes", declarou nesta quinta-feira (24) a diretora da organização, Kristalina Georgieva, em Washington.
Na quarta-feira, o secretário de Tesouro americano, Scott Bessent, criticou o que qualificou de agendas "desfocadas" do FMI e do Banco Mundial (BM).
Bessent considerou que o FMI dedica "um tempo desproporcional" à mudança climática, ao gênero e a outros temas sociais, ao invés de se centrar na cooperação monetária mundial e na estabilidade financeira.
Ele também criticou o Fundo por não denunciar a China por ter "aplicado políticas de distorção a nível mundial e práticas monetárias nebulosas durante muitas décadas". Mas não exigiu reformas importantes da organização.
Em uma coletiva de imprensa, Georgieva agradeceu a Bessent, que reiterou o compromisso dos Estados Unidos com o Fundo e sua função.
"Levantou uma série de temas e prioridades importantes para a instituição que espero com interesse debater com as autoridades americanas e com os membros em seu conjunto", declarou.
"Temos muito caminho para percorrer e estamos totalmente centrados nisso", acrescentou.
Em resposta às críticas de Bessent sobre o enfoque do Fundo na mudança climática, Georgieva explicou que alguns países-membros se veem mais afetados que outros por fenômenos meteorológicos extremos.
"Por exemplo, os países do Caribe, que sofrem regularmente com desastres por fenômenos meteorológicos extremos, naturalmente estão muito preocupados com isso", explicou. "E se perguntam: como podemos ser mais resilientes frente a essas crises?".
"As pessoas acreditam que temos especialistas em clima", acrescentou, em alusão ao papel relativamente limitado do Fundo na luta contra a mudança climática. "Não temos. Esse não é o nosso trabalho", disse.
Georgieva também abordou a incerteza gerada pela imposição de tarifas do presidente americano, Donald Trump, que inquieta os investidores.
"A preocupação que escuto com mais frequência não são sequer as tarifas, mas sim a incerteza", disse, se referindo às conversas que manteve essa semana com os 191 países-membros do Fundo durante as reuniões de primavera em Washington.
"A incerteza é realmente prejudicial para os negócios", acrescento. "Portanto, quanto antes se dissipe essa nuvem que está sobre nós, melhores serão as perspectivas de crescimento".
Q.Rios--HdM